Rumamos para a cidade de La Fortuna, base de apoio para quem quer visitar o Parque Nacional Vulcão Arenal. Estacionamos na praça central em frente à matriz, numa praça muito bem cuidada, cheia de flores e árvores e que ainda por cima tinha um chafariz. Rodeada por restaurantes, bares e hotéis, de onde vinham os turistas de seus passeios para curtir a cidade. Como estava chovendo, resolvemos passar a noite e os passeios com chuva ficam prejudicados em função de ser em trilhas na mata aos pés do vulcão. Assim, não temos como vê-lo, pois, fica coberto de nuvens.

Passamos a noite na praça, e no dia seguinte voltamos a pegar a estrada R142 que serpenteia o Lago Arenal até chegarmos na R1, Rodovia Pan-americana, e seguirmos até a cidade de Libéria. Ali reabastecemos o carro, fomos ao mercado e pegamos a R 155 até a cidade Praia Flamingo. Tentamos ir na Praia Conchal, mas tinha que passar pela praia e subir uma rampa onde só passava um veículo por vez, portanto resolvemos cancelar, pois poderíamos ficar atolados. Ficamos admirando a paisagem de longe. Fomos à Praia Brasilito e seguimos até a Praia Tamarindo, onde permanecemos durante a noite, à beira mar, embaixo de árvores, com pássaros, esquilos e bugios gritando o tempo todo. Muito calor, pouco vento e muitos turistas vindos de passeios de barcos e surfistas também vindo de passeios para pegar onda em outros cantos, pois o mar aqui estava muito calmo. Encontramos dois brasileiros, do Rio Grande do Sul, pai e filho que vieram pegar onda também. O lugar estava tão legal que resolvemos passar mais uma noite. Encontramos a brasileira Roberta, seu marido que mora nos EUA e suas amigas, sendo que uma delas mora em Brasília e conversamos muito sobre a nossa expedição. Nos deu algumas dicas. Foi muito legal o papo, pois falávamos do nosso sonho e isso inspira também outras pessoas a realizarem seus sonhos. Resolvemos passar mais uma noite, pois o lugar é muito bacana, ainda com sombra e à beira mar.

Bem, estava chegando a hora de sair da Costa Rica. Muitos viajantes passam direto e não visitam este país. Foram dias muito legais e de grande aprendizado, pois conhecemos um pouco de um país fantástico e de pessoas muito hospitaleiras. Conhecemos parte do litoral e montanhas e vulcões. Foram dias maravilhosos.

Acordamos cedo, cumprimos a nossa rotina de todas as manhãs e fomos para a estrada. Saímos da linda praia de Tamarindo pela R 155 até a cidade de Libéria. Fizemos compras no supermercado e pegamos a RN 1 – Pan-americana até a fronteira na cidade de Peñas Blancas.

A fila de caminhões era muito grande, passamos pela lateral até o Posto Fronteiriço da Costa Rica. Ali pagamos a taxa de saída de $ 8 dólares por pessoa e seguimos fazendo os demais trâmites da saída na imigração e aduana. Existem pessoas dispostas a te ajudar, mas descartamos todos. Fizemos nós mesmos os trâmites. Não precisa de ninguém, e ainda tem que ficar esperto para não ser enrolado. Depois seguimos para a Aduana da Nicarágua. Paga-se um monte de taxas: taxa de entrada; taxa de imigração; taxa de turismo; taxa de fumigação e taxa para transitar com o MH e ainda tem o seguro. Nada complicado em fazer. Só ter paciência, pois os agentes nicaraguenses são muito simpáticos.

Terminamos tudo e seguimos pela NIC 2 (Pan-americana) e depois pela NIC 6 até a cidade de Granada. Fomos direto para a Cruz Vermelha, bem no centro da cidade e por uma taxa simbólica pagamos por estacionamento, luz e agua. A cidade é muito linda… demos uma pequena volta a pé a noite na rua do calçadão, tendo muitos bares com mesas na rua e muitos turistas circulando.

A cida e o povo são muito legais e por isso ficamos quatro noites e aproveitamos para circular bem pela cidade. Andamos por todos os cantos, lugares turísticos e também onde o povo local ia. Percorremos o mercado público que por si só é uma grande aventura.

Todo mundo com quem conversei dizia que não era seguro, que tinham muitos problemas por assalto, e que as estradas eram ruins. Enfim, as estradas na sua maioria são muito boas, algumas não tem acostamento, mas é só isso. Com o tempo a gente vai adquirindo segurança e vai explorando o local com mais tranquilidade, pois o povo é muito gentil e educado. Pode ser que eu queime a língua, mas estou me sentindo muito bem e a Valquíria também. Muita gente fala muito de insegurança e vale aqui a experiencia de cada um. As vezes acontece fatos que nos fazem pensar assim. Mas não podemos pensar que tudo é mal, que só tem bandidos e corruptos. Eu sou um otimista por minha natureza, mas não sou alienado, sei que o mundo não é como a gente espera que é e sim como ele realmente é, inclusive as pessoas. E como diz a máxima: “Não basta ser seguro. Tem que parecer seguro”. No nosso Brasil não é diferente e nos últimos tempos está muito inseguro. Bem, isso já é outra história e vamos deixar para outro papo.

Depois que saímos de Granada, dia 09/04/2017, fomos em direção ao PN Vulcão Massaya, sendo que depois da cidade de Massaya é a entrada do parque. Não é permitido que se utilize o camping do parque em função das erupções do vulcão. Assim, visitamos na parte da manhã, e é impressionante a vista deste vulcão em erupção. Para chegar à boca do vulcão é muito fácil, pois pode-se ir de carro até lá. Diferente da experiência que tivemos quando visitamos o Vulcão Vila Rica no Chile, também em constante atividade, e é assustadora a erupção, pois vê-se a lava sendo expirada. Muito interessante e desgastante a subida até ele. Anda-se muito, ou melhor, sobe-se muito, e ainda com uma roupa especial atravessa-se a neve que é constante, assim como as pedras soltas que conforme a movimentação do grupo escorrem montanha abaixo. Bem, foi muito legal esta subida e também inesquecível. Voltando ao PN Vulcão Massaya, depois de um certo tempo na boca do vulcão, descemos até o portão principal, estacionamos numa sombra para fazermos o nosso almoço, e com o calor que estava, 37°C, ligamos o nosso gerador para o conforto do almoço e assim, pegando o costume local, tiramos uma pequena sesta (um pequeno cochilo após o almoço).

Após, seguimos pela rodovia NIC 04 até a cidade de Manágua, capital da Nicarágua. Outra coisa, a Nicarágua carinhosamente é chamada por aqui nos meios de comunicação como NICA.

Buscamos um local no IOVERLANDER, escolhemos ficar no estacionamento atrás da Matriz. Logo deixamos o MH estacionado com segurança, atravessamos a rua e fomos visitar o Shopping e compramos uma pizza para o jantar, regado com cerveja local.

Como de praxe, acordamos e tomamos o nosso café da manhã, reabasteci o nosso gerador com a gasolina reserva que tinha, pois ligamos a noite antes de dormir para refrescar a casa. Depois seguimos pela rodovia NIC 12 até a cidade de León. Cidade antiga, semelhante à Granada, com uma beleza também incomparável, ambas com uma arquitetura espanhola. Enfim, uma cidade bastante movimentada e com muitos monumentos e igrejas. Visitamos a Catedral na praça principal, onde paga-se uma taxa e pega-se uma escada na porta lateral da catedral que vai dar no teto da igreja, tendo uma visão de toda a cidade. Mas, antes de subir o último tramo, tem que se tirar os calçados e subir descalço. O teto é pintado todo de branco.

Gostaria de ter ficado um pouco mais na cidade de León, mas em função do feriadão de Páscoa, com as ruas sendo preparadas para procissão, estava um tumulto no trânsito. Circulamos pela cidade e depois pegamos a rodovia NIC 14 em direção à praia Las Penitas. A praia é muito linda, mas com o feriadão que aqui é prolongado ia encher, e como as ruas são estreitas teríamos dificuldade de sair. Essa foi a informação do simpático policial da vila. Voltamos pela rod. NIC 14 até a cidade de León e dali voltamos para a Rod. NIC 12 até a cidade de Chinandega onde pernoitamos no estacionamento do Shopping com segurança 24 horas.

Acordamos, seguimos a rotina de praxe e ao levar o lixo aproveitei para conversar com o vigilante que me autorizou a utilizar a torneira e encher o tanque do MH com água potável. Depois pegamos a rodovia NIC 24 até a cidade Somotillo na fronteira de Nicarágua, e em Honduras a cidade da fronteira é Guasaule.

As rodovias na Nicarágua são muito boas, somente não tem acostamento. Por isso os carros param na pista, aí temos que ter um cuidado redobrado, pois param de repente. Já via casos de o motorista do caminhão parar na pista, urinar no acostamento e depois seguir, sem se importar com o que vem atrás. E não é o único, parece padrão. É o ônibus, taxi, é a pessoa que vai comprar uma fruta, enfim padrões diferentes de segurança. Por isso tem tantos acidentes.

A Nicarágua é um país que está em construção, muitas mudanças, obras por toda a parte. Muitas escolas, creio que é um direcionamento do governo. As pessoas na sua maioria falam dois idiomas, o espanhol e o inglês. Hoje, fomos parados por um Policial na rodovia, e disse que fala dois idiomas e que agora está estudando o português do Brasil. Fiquei muito surpreso, pois num país tão distante ao nosso normalmente as pessoas se dedicam ao inglês, pensando no EUA. A dificuldade de não ter estradas que ligam a América do Sul com a Central e Norte realmente afasta a aproximação de pessoas e países, pois não é muito barato para fazer a travessia com o carro. De avião até é mais em conta, mas aí têm que quebrar o gelo inicial e se aproximar das pessoas locais e conhecer um pouco deste mundo do lado de cá. O que provavelmente é um pouco mais difícil, pois o turismo assim é de hotel e isso não torna muito fácil as aproximações.

Bem, chegamos à fronteira da Nicarágua, tudo muito fácil, os policiais sempre querendo entrar no MH mais por curiosidade do que para verificar alguma coisa. Entram, olham, fazem uma cara de exclamação e listo (pronto). Paga-se uma taxa de saída de USD 4,00 (quatro dólares) e não vai carimbo no passaporte de saída. Só há a baixa via computador. Isso é muito legal, pois economiza espaço no passaporte.

Saímos da Nicarágua e fomos para a fronteira de Honduras fazer os trâmites. Parece que estamos entrando em outro mundo. Um pouco mais rudimentar. Quando estaciona o MH vem 5 pessoas todas dizendo agenciadores e querendo fazer os nossos trâmites. Digo a eles que não precisa, que tenho tempo e eu mesmo irei fazer. Não desgrudam. Digo que não tenho dinheiro e só cartão. Ainda assim, uns ficam te observando. Sem falar nos cambistas que te abordam. Bem, mantendo firme o nosso posicionamento, fazemos todos os trâmites, eles entendem que “desse mato não sai coelho” e nos dão folga. A parte da Imigração até que está bem informatizada, paga-se uma taxa de USD 4,00 (dólares) para os dois e daí vamos para a Aduana dar entrada no MH. Esta parte está muito atrasada! A mais atrasada da viagem! Mas não está demorada. Aguardamos a nossa vez, pois tinha um casal de motociclistas que ia para EUA, ele de Floripa (Eduardo) e ela da Suíça, se não me engano eram paraquedistas. Chegou a minha vez, a primeira coisa que a atendente da Aduana disse era que a taxa era de USD 33,00 (dólares). Paguei primeiro, para depois dar sequência ao processo. Mas é estranho, pois é a única que não dá recibo.  Paguei em outras fronteiras também, mas tinha recibo. Diz que estava com problemas no computador. Bem, deu início ao processo e me pediu uma série de cópias. Voltei ao MH, pois trouxe a minha impressora, tirei as cópias e as levei. Simples e liberado.

Até sair da fronteira pegamos a Rodovia CA-3 até a cidade de Nueva Choluteca. Horrível a rodovia, cheias de buracos, demoramos um monte para chegar nesta cidade, pois a viagem é longa e tínhamos que cuidar dos nossos pneus. Bem, afirmavam que dali em diante a estrada melhorava. Ledo engano! Desta cidade pegamos a rodovia CA-01 Pan-americana até a cidade de Jicaro Galan. Tinha uns 10 km que estava bom, pois estão em obras. Depois continuava muito ruim. Tinha muitas crianças pedindo dinheiro nas rodovias, e nós sempre que viajamos levamos roupas boas, que não usamos mais, e distribuímos a essas pessoas. Todos agradecem. Desta cidade pegamos a rodovia CA-05 até próximo à cidade de Sabana Grande. Após subir uma serra, chegando a altitude de 1.060 metros do nível do mar, bem no topo tem um Posto de combustível Texaco. Muito novo, dois meses de funcionamento. Solicitamos para passar a noite e falamos com o proprietário que nos disponibilizou até energia que aqui é 110V. Disse que pagaria, mas só com o reabastecimento de diesel estava ok. Perguntei sobre como é a qualidade do combustível. Não sabia a quantidade das partículas de enxofre no diesel. Mas muito prestativo, ligou para a empresa Texaco e informou que é o mesmo diesel dos EUA. Ou seja, S15. Disse também que cada companhia faz a importação do seu combustível. Da Texaco vem direto da planta da empresa nos EUA. Assim fiquei bem mais tranquilo.

A nossa ideia é seguir até a cidade Copán Ruínas, na direção norte e conhecer um pouco mais da cultura hondurenha. Falam muito da falta de segurança, inclusive de todos os países que já visitamos, mas até agora, só vimos pessoas amáveis, educadas, simples e generosas. Muitos dos viajantes passam por esses países com muita rapidez, em função do medo pela falada falta de segurança. Bem, vai de cada um! Como disse antes: não basta ser seguro, tem que parecer seguro. Trata-se também de percepção e sentimento.

Contarei mais sobre Honduras no nosso próximo Post.


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