Quando a gente se acostuma a estar sempre junto da casa, inclusive em supermercados, praça ou em qualquer passeio, quando fica sem parece que a gente perde o chão. Quem está lendo e não vive esta situação pode pensar que estou exagerando, mas realmente não estou.
Bem, MH na frente do hotel, temos que abrir para ventilar, dar uma pequena olhada para ver se tudo está certo e começar a desmontar a separação da cabine com a casa. Aliás, venho aqui registrar que quem me deu essa ideia foi o Claudio Correa de Mato Grosso. É lógico que tive que adaptar, pois os nossos carros têm configurações diferentes, mas a ideia foi muito boa e deu certo. A noite rolou uma comemoração com vinho que estava no MH.
Realmente a Eclusa Miraflores no Pacífico (Canal do Panamá) impressiona e muito pela sua grandeza, engenharia, e também pela tranquilidade e precisão com que atravessa os navios. Esta é a última eclusa, no Pacífico, e ao todo são três: no Oceano Atlântico (mar de Caribe) a Eclusa de Gatún, no centro a de Pedro Miguel, e, como já falei, no Pacífico a Eclusa Miraflores, a qual visitei. Ficamos uma tarde observando a travessia dos navios até o fechamento do centro de visitantes às 17:00 horas. Depois, rumamos pela Pan-americana, mas estava em obras, quase não andamos. Foi chegando a noite, e verifiquei no App do celular o IOverlander e tinha próximo um posto da Terpel, muito bom, tudo novo, com restaurante e banheiros impecáveis para motoristas tomarem banho. Inclusive no banheiro tem muita música instrumental nas caixas de som. Músicas consagradas. Foi o primeiro banheiro que vi neste sistema. Você vai ao balcão do restaurante, diz que precisa tomar um banho e eles te dão um cartão que abre a porta do box para você utilizar. As duchas são com temporizador, mas podes apertar quantas vezes forem necessárias. A noite comprei gasolina 91 octanas (tem de 95 octanas também) e reabasteci o meu gerador. O valor era de USD$ 0,706 de dólar o litro. Muito barato, comparado ao nosso Brasil. E a gasolina é gasolina mesmo! Não são as porcarias que compramos, pagando um preço absurdo. Assim, quando a noite estava mais fresca e o carro também, lá pelas 23:00 horas, desliguei o gerador e ligamos o resfriar e assim passamos uma noite tranquila na nossa casa.
Acordamos e rumamos para a região de Punta Chame, onde tem muito Kite surf em função do vento. Aqui neste lugar as praias são muito longas e de água quente, mas com muita areia na água. Tem também água-viva, ou pelo menos tinha neste dia. Passamos uma noite na praia estacionado, muito legal. Aqui tem muito pé de caju, e aproveitamos para fazer suco e também uma batida com o que restou da nossa cachaça. Eles aqui chamam o caju de maranhão. Amanhã vamos rumar para outro local.
Fomos em várias praias na região, mas parece tudo igual. Ainda não é a nossa praia, ou melhor, uma praia que fosse de encher os olhos. Já era próximo do meio dia quando passamos num Posto da Terpel para encher de água o nosso reservatório (nessa rede de postos nós estamos reabastecendo diesel e água do MH desde o Peru). Aqui tudo muito novo. Depois resolvemos fazer um desvio na Pan-americana por 28 km no sentido a El Valle De Antón. Fomos direto ao Hostal e ao Camping Windmill. Vimos os preços, não gostamos do valor, e achamos uma sombra na frente da rua, paramos e resolvemos fazer o nosso almoço. Quando começamos a almoçar veio uma senhora de uma pousada ao lado perguntando se iríamos demorar, pois estávamos tampando a placa da pousada. Nunca vi isto! Mas disse-lhe que após o almoço iríamos sair. Nesse meio tempo chegou um maluco que estava num Jeep Wrangler e morava no Canadá, trabalhava nas minas de ouro, e olhou o preço do camping e disse-me que também não ficaria. O valor dava para tomar algumas cervejas. Disse também que não ficaria, pois não precisava de nada, tinha tudo, só necessitava de algum lugar tranquilo para ficar. Olhei novamente o IOverlander e fui até os Bombeiros. Conversei e nos deixaram ficar. A noite tinha festa da igreja e eles (Bombeiros) fizeram uma sopa e levaram para nós. Depois de provar a sopa, tipo crioula, que estava uma delícia, fui levar um vidro de conserva de ovos de codorna que trouxe do Brasil, como prova de agradecimento. A cidade é pequena, com muitas casas de gente muito rica, pois o tamanho e acabamento é incontestável, e fica nas montanhas, literalmente dentro de uma cratera de vulcão a 680 metros sobre o nível do mar, com 6 km de diâmetro. O clima é muito gostoso, com muito verde e água termal. Dizem na informação turística, em folders e até na internet que é a única cidade do mundo literalmente dentro de uma cratera de vulcão. Outra coisa: as águas das montanhas descem por canaletas na rua, e na frente dos bombeiros colocaram telas nas duas extremidades da vala, e tinha peixes como num aquário. Muito bacana, prova que a água é limpa.
Observei que aqui no Panamá os carros não têm a placa da frente. Fica um pouco estranho para mim, pois parece à primeira vista que todos os carros são zero. Aqui também tem outra coisa que me chamou a atenção. Importam carros usados dos EUA, inclusive batidos. Quando estava tirando o nosso MH do porto, conversei com um rapaz que mora no Panamá, mas é peruano e tem esse negócio. Tudo muito simples. Os batidos, arrumam e vendem. Mas esses batidos são carrões, tipo Mustang, Camaro, etc.
Eu não sei se já comentei, mas aqui a moeda é o dólar dos EUA. Só existe o nome da moeda do Panamá, mas a transação é só em dólar. Isto por um lado nos facilita a vida, pois senão seria mais um câmbio.
Outra coisa importante é que os Postos de Combustíveis são todos autosserviços, ou seja, você mesmo reabastece o seu veículo.
Aqui em Vale de Antón tem muitas trilhas e resolvemos ir até ao mirador das cruzes. Estávamos saindo a pé e no centro perguntei a uma senhora sobre este mirador. Disse que tem um coletivo que cobra USD$ 0,50 por pessoa e passa bem perto. Disse que a subida é muito íngreme. Pensamos um pouco, caminhando, passou o coletivo, parou e embarcamos. É tudo asfaltado, mas muito estreita e, como já falei antes, íngreme. Sobe 400 metros em pouco espaço. Acertamos ir de coletivo. Na volta, viemos a pé. A vista é impressionante da cidade e da forma da cratera. Por outro lado, chega-se a ver o mar.
Na volta quando chegamos nos bombeiros tinha mais visita. Um casal com dois cachorros grande, numa F250 americana, puxando um enorme trailer. Ele suíço e ela Tcheca. Dois gigantes em torno de 2 metros. Compraram tudo na Califórnia e pensam em vender na América do Sul.
Na manhã seguinte, nos despedimos dos bombeiros, e rumamos para Playa Branca, Las Palmas e dormimos na praia de Las Lajas em frente ao mar. Com um calor de 37°C ligamos o nosso gerador para esfriar o carro e ter uma noite tranquila. Amanhã pretendemos fazer a fronteira para a Costa Rica. Mas isso, segue no próximo post.