Este início de viagem na Argentina tornou-se um pouco cansativo em função do calor que pegamos, até 40ºC. O sol escaldante não dava sossego. Tivemos que mudar a nossa forma de dirigir, pois a nossa rotina passou a ser: levantar às 07h00min e sair em torno das 08h00min da manhã; parar perto das 13h00min para fazer o almoço e começar a dirigir até escurecer, o que acontece por volta das 21h00min. Dormimos no Posto de combustível YPF em Pres. R. Saenz Peña. O calor continua, e às 07h30min da manhã ainda é noite nesta região.

O caminho não tem muitas novidades, pois continuam as ditas retas da RN 16, somente após El Quebrachal vemos as curvas até o encontro com a RN 34, e continuamos até Pampa Blanca, onde dormimos frente ao Posto YPF no jardim da Secretaria de Obras da cidade, com autorização do Secretário que também é o meu xará. Por volta das 08h00min estávamos na estrada e tocamos até El Carmen, e pegamos a RN 9 e fomos rever o Dique La Ciénaga e Las Maderas onde tem camping e muito lugar livre para acampar. Nós ficamos junto à Intendência do local. Nesta noite houve um pouco de chuva que amenizou a temperatura para 22ºC, o que para nós foi um grande alívio.

Seguindo pela RN 9 em direção a Purmamarca, subimos as montanhas e passamos por um povoado que foi dizimado pela lama e pelas pedras na forte chuva que teve no início de janeiro deste ano. Segundo informações, e em função do horário do ocorrido (em torno das 10h00min da manhã), somente duas pessoas morreram. Se fosse à noite a tragédia seria maior. Após o vilarejo de Tumbaya, saímos da RN 9 e pegamos a RN 52 que nos levará até ao Passo Jama, na divisa com o Chile. Mas resolvemos ficar em Purmamarca para nos aclimatarmos com a altude, em função de que subiremos mais de 2.000 metros, num total de 4.840 metros de altude, pois senão poderemos sofrer o El Soroche (hipoxemia), ou mais conhecido como o Mal de Alta Montanha (MAM). É a diminuição de oxigênio para nossos pulmões em altitudes acima de 2.000 metros, e quanto mais alto, menor a quantidade de oxigênio.

Os habitantes das altitudes tem aproximadamente o dobro de glóbulos vermelho de um habitante do nível do mar. Aqui contam que os cavalos crioulos podem subir em torno de 5.000 a 5.500 metros de altude. Eles não conhecem o limite do corpo, pois se quem o está conduzindo não voltar, ele morre, enquanto que a mula pode ir até 6.000 metros de altude, e sabe do seu limite, pois quando chega, empaca. Só se move se for para descer a montanha. Interessante! Purmamarca é a cidade onde os turistas se encontram. Aqui passam gente do mundo todo, uns para o Chile e outros para a Quebrada de Humahuaca e em seguida Bolívia. Aqui fica o Cerro de 7 Colores. As montanhas tem cores incríveis. A cidade é toda feita em Adobo, ruas de pedra e areia, com muito pó, ainda mais com o vento que bate à tarde. A igreja na praça principal é datada do ano de 1.642. Vale a pena conhecer os habitantes deste local, com sua descendência Aymara.

O mundo é muito pequeno! O Motor Home estava estacionado na rua central de Purmamarca quando bateram na porta. Era um brasileiro de Floripa e mais três jovens da região de Rosário na Argentina. Todos estudantes e mochileiros. Conversa vai e vem e falo que tenho casa em Mariscal, município de Bombinhas (SC), pois agora moro no MH, e ele falou que ia quando pequeno na casa do tio dele também no mesmo bairro. Pergunto o nome do tio, e ele informa o nome, sendo que era meu vizinho. Demos muitas risadas das festas que fazíamos. Boa época também que temos muitas boas recordações. Aqui a temperatura caiu para 17ºC, para nosso alívio, e pudemos puxar até um leve cobertor. Acordamos depois do amanhecer, 07h00min da manhã, e nos preparamos para seguir rumo a San Pedro de Atacama no Chile. Saindo de Purmamarca pela RN 52 começamos a subir a Cuesta de Lipán, com muitas curvas, paisagens espetaculares, com suas montanhas coloridas. A vontade é de parar em cada curva para apreciar a vista da Quebrada.

Acima estão as Salinas Grandes, sendo as mais brancas da Argentina, onde tem local para parar e apreciar a extração do sal, tendo inclusive construções de sal neste local. Seguimos até Susques onde paramos para fazer o nosso almoço e também dar uma parada para descanso e aliviar o carro para a próxima subida. Em Susques Tinha um Posto YPF, digo tinha, porque estava fechado e vários viajantes pararam e ninguém atendia. Dali seguimos até o Paso Jama, e para nossa surpresa se fazem agora as duas fronteiras, Argentina e Chile, no mesmo local. Foi muito prático e rápido. Da outra vez em que estivemos nesta região tivemos que fazer a saída da Argentina no Paso Jama e a entrada no Chile em San Pedro de Atacama (que era uma confusão sem tamanho), pois presenciamos muitas discussões naquela época. Hoje nota 10. Perfeitos os trâmites.


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