A paisagem até a fronteira é muito diversificada, com vários condomínios e cidades tipo dormitório para quem trabalha na grande Vancouver. Assim chegamos à fronteira e à uma fila enorme para os trâmites. Nós tínhamos verduras e frutas, e respondemos sempre a verdade para os oficiais de fronteira. Assim, o funcionário, muito educado, foi fazer a inspeção sanitária. Tirou-nos apenas a banana e o tomate. Deixou outras frutas e cebolas. Todos sabem que o RV é uma casa sobre rodas, se você não tiver nada de frutas ou verduras, vão desconfiar que estão mentindo, podem até fazer uma vistoria completa e isso demora muito tempo, pois vão tirar as coisas de lugar e fica uma bagunça. Melhor sempre dizer a verdade e ter algo para a análise.
Tocamos pela Rod. 5 dos EUA rumo ao Parque Nacional Monte Rainier. Chegamos próximo ao Parque e num pequeno hotel da cidade que estava cheio pedimos onde poderíamos fazer overnight parking. Indicaram um hotel onde estava fechado para esta temporada e assim fomos para lá. Passamos a noite muito tranquilos estacionados na frente do hotel fechado e fomos visitar o parque no dia seguinte. Como tínhamos um cartão que vale para todos os parques nacionais dos EUA não pagamos nada. Este cartão custa USD 80 (oitenta dólares) e pelos parques que nós visitamos já se pagou há muito tempo. Vale a pena para quem vier aos EUA e visitar os parques nacionais. Bem, vamos ao assunto Monte Rainier. É um dos parques mais antigos dos EUA e muito visitado por eles. É como se fosse a Meca dos Parque Nacionais para eles, que têm muito orgulho disso. Infelizmente, como é verão, tem muita fumaça dos incêndios florestais, prejudicando bastante a visibilidade e as fotos. Mesmo assim, fomos seguindo pela rodovia do parque e quando chegamos no Paradise Visitor Center estacionamos o “Bisão” e fizemos o nosso almoço. O estacionamento estava repleto de carros e RVs. Após o almoço e depois de descansarmos um pouco fomos fazer uma trilha até bem próximo ao Monte Rainier. A trilha era muito cansativa mas vale a pena. Na volta assistimos um filme do parque no Teatro do Centro de Visitantes e continuamos a travessia do parque por estradas boas mas sinuosas até a Rod. 123.
Depois entramos na Rod. 12 e numa Rest Area passamos a noite. No dia seguinte, como de costume, após o nosso café da manhã continuamos pela mesma rodovia até o encontro com a Rod. 5 e entramos nela. Seguimos atravessando o estado de Washington e entramos no Estado do Oregon. As rodovias são impecáveis, mas o tempo não está nos ajudando, pois, como já falei antes, o fogo nas florestas nos tira um pouco da visibilidade. É como se estivéssemos num nevoeiro, fica tudo embaçado, e assim não podemos ter uma boa visualização das paisagens. E ainda por cima tinha o cheiro de queimado. A fumaça para nós era insuportável.
Dormimos novamente em uma Rest Area da Rod. 5, muito espaçosa e com muitas árvores enormes. A noite teve uma pequena chuva e pelo menos minimizou o cheiro de fumaça, então pudemos dormir mais tranquilo. Assim, seguimos pela Rod. 5 e reabastecemos o “Bisão” de água e combustível. A rodovia ainda continua com muita nebulosidade por causa da fumaça. O Estado de Oregon é muito bonito, com muitas fazendas e montanhas, mas a nossa travessia ficou prejudicada em função do informado acima. Fizemos o nosso almoço numa Rest Area, descansamos um pouco, e com chuva permanecemos na mesma rodovia até a cidade de Grants Pass. Dali seguimos pela Rod. 199 em direção ao litoral para sairmos do meio da fumaça. Chegamos na cidade de Crescent City e ali depois de fazermos umas compras dormimos no estacionamento do Walmart. Como estava chovendo, e tínhamos algumas coisas para ajustar na casa além de precisar atualizar os programas do meu Notebook em função da restauração que tive que fazer, ficamos mais um dia. Mas nada complicado para quem tem o tempo a seu favor. Não precisamos fazer nada com pressa. Afinal já estávamos na Califórnia e vamos ter ainda tempo de ir para mais alguns parques antes de o frio chegar.
Assim o sol voltou a brilhar e nós fomos para a estrada. Em Crescent City pegamos a Rod. 101 que corta o Redwood National Park e também vamos tendo como companhia ao nosso lado o Oceano Pacífico. O dia vai passando rápido, paradas e mais paradas para admirar o visual, e a noite chegando… fomos dormir numa Rest Area do Humboldt Redwood State Park.
Na manhã seguinte, tocamos pela mesma rodovia até a cidade de Leggett. Dali pegamos a famosa Rod. 1 da Califórnia. Essa rodovia vai costeando o mar, com muitas falésias, subindo e descendo o tempo todo e com curvas muito fechadas. A estrada é estreita e sinuosa, mas muito bonita. Depois de cada subida tem um mirante para avistarmos o mar, e também quando se cruza com as florestas de enormes sequoias. O nosso dia passa assim, e já no final da tarde encontramos um mirante com bela vista do pôr do sol e ali resolvemos passar a noite. Um casal de americanos que conhece bem a América do Sul (Nicolas e Nancy – 48 anos de casados), com seu possante Mustang conversível, veio conversar com a gente e batemos um longo papo em espanhol. Foi muito divertido o simpático casal. Preocupados, queriam saber onde íamos dormir. Eu disse aqui, pois com um visual desse não teria lugar melhor. Ainda mais que rolou um vinho com queijos e pão. Maravilha!!!!
A noite foi muita linda com o belo visual das falésias. Pudemos dormir com o barulho das ondas do mar. O sol já estava a pino quando começamos a tocar a viagem pela Rod. 1. Muito sobe e desce, curvas muito fechadas, pista estreita e de sobra o precipício e o mar lá embaixo. É muita atenção na direção e a Valk já estava enjoada e tonta das curvas. Almoçamos dentro de um parque muito sombreado com as sequoias gigantes. Afinal, aqui todas as sequoias são gigantes… assim, para melhorar a condição da Valk, bem antes de Valley Ford entramos a esquerda e pegamos a Rod. 116, passando por muitos vinhedos e pequenas cidades. Nesse novo itinerário as estradas pelo menos não tinham os precipícios, e sim praticamente dentro de um parque com as já faladas sequoias gigantes nos acompanhando.
Em Sebastopol dormimos à noite num estacionamento de um shopping. Noite tranquila, nos preparamos para tomar o rumo da Rod. 101, reabastecemos o “Bisão” e passamos pela Golden Gate em San Francisco. Espetacular essa ponte! E logo que termina a ponte entramos à direita e fomos para o estacionamento onde é free por 4 horas. Enquanto a Val fazia o almoço no estacionamento, eu andei um pouco para explorar o lugar, tirar informações e aproveitei para tirar algumas fotos, já que o sol estava bem legal para isto. Voltei para almoçar e depois disso o tempo mudou, ventou muito, e ficou tudo completamente tomado pela neblina. Quem esperou para visitar a tarde o parque e a ponte ficou sem vê-la. Mas com esse clima também fica bonita, pois foi palco de muitos filmes, inclusive de terror.
Esperamos anoitecer e fomos para a Vista Point que fica antes da entrada da ponte Golden Gate. Ali é permitido passar a noite. A vista é espetacular mesmo com a ponte tomada pela neblina. A noite estava fria com muito vento e ainda veio a neblina com a garoa. Dormimos duas noites no mesmo local. De manhã pegamos o “Bisão” e fomos explorar San Francisco. Interessante ver a máquina que mexe com as divisões da pista da ponte, alternando o número de pistas conforme o fluxo. Normalmente tem três pistas para cada lado. Mas, em alguns horários fica com 4 pistas de um lado e 2 de outro e tudo muito rápido e seguro, e sem complicação no trânsito.
San Francisco é uma cidade ímpar nos EUA. Muitos movimentos começaram em San Francisco. Citando alguns: foi a primeira cidade a extinguir as sacolas plásticas dos supermercados; o lixo é reaproveitado e o gás gerado é utilizado para o transporte público; o movimento para substituir o carro pelas bikes, por isso eles têm muitas ciclovias e muitos espaços públicos, e cada vez mais pessoas estão abolindo os carros pelas bikes; e muitos outros movimentos que no momento não lembro. No Canadá fiquei impressionado com Vancouver e das cidades que vi por aqui San Francisco também me cativou, inclusive pelo clima.
Hoje dia 14/09/2017 saímos na parte da manhã e escolhemos o caminho pela rota histórica percorrendo toda San Francisco, depois Palo Alto e assim até a cidade de Monterey na Califórnia. Fomos na informação turística para pegar informações do lugar e soubemos que a Rod. 01 Big Sur estava fechada por ter caído uma ponte e por desmoronamentos. Assim vamos alterar o nosso trajeto com destino ao sul da Califórnia.
Assim ficamos três noites no camping Veteranos em Monterey. Muito legal o lugar, bem quieto, dentro de um parque, com banheiros para os campistas de barracas e dump station com água potável para os RVs. Mais uma vez, foi dia de faxina para pôr a casa em ordem, lavar roupa e fazer as manutenções normais do carro. Aproveitei para trocar o filtro do ar condicionado e fazer a manutenção no gerador.
Aproveitamos também para percorrer o trecho da Rodovia 1 até vila Big Sur. Dali em diante está interrompida. São praticamente 27 milhas e depois tem que voltar. Mas o visual é deslumbrante, lindo e lembra algumas de nossas praias. Esta região de Monterey já foi palco de mais de 200 filmes. O clima é muito bom, em torno de 23°C com sol, por isso é uma região de muitos campos de golfe e vinhedos, com casas de muitos artistas e milionários. Circulamos muito e várias pessoas vinham conversar conosco sobre a nossa expedição. Outros buzinavam e faziam o sinal de hang loose.
Estamos repensando a nossa estadia nos EUA, pois tínhamos como plano inicial deixarmos o carro por aqui, irmos ao Brasil, e voltarmos em fevereiro para fazermos a Costa Leste até o Canadá. Passamos por muitas reflexões e temos o nosso objetivo inicial cumprido. Então, precisando fazer exames médicos, e como se sabe que no Brasil será férias no final de ano, é muito difícil fazermos o que temos que fazer e voltar em fevereiro. E como sei, não é conveniente deixar um carro, ou casa, muito tempo parado, pois fora de uso na volta sempre teremos uns problemas para resolver, e nem sempre vamos conseguir apoio técnico por aqui. Mas vamos descendo até o sul da Califórnia, creio que até San Diego, e aí sim tomaremos a decisão final. Essa decisão será de começarmos a volta para o Brasil, e daqui mais alguns anos voltarmos para completar esta segunda etapa (Costa Leste). Mas vamos seguindo com a expedição, pois tem muita coisa para ver até chegarmos em casa novamente.
Amanhã vamos voltar até a cidade de Salinas e pegar a Rod. 101 e continuaremos nela até o final do Sul da Califórnia. Mas isso vou contar no próximo post.