Depois de passearmos bastante por Fairbanks, e termos reparado o dente da Valquíria, resolvemos, com muita alegria, pegar a estrada novamente.

De manhã, nos despedimos dos nossos amigos Darci e Elza, e ontem dos nossos amigos que vivem em Calgary no Canadá, Pires e Marluce, e também do Brasileiro Claudio, que vive há 15 anos em Fairbanks no Alaska. Fomos reabastecer o nosso MH de combustível e água potável para irmos mais tranquilo pela estrada em direção ao Denali National Park. Estrada muito boa, subimos um pouco e depois pegamos uma chuva que serviu para limpar por baixo o nosso MH.

Bem, todo carro de viajante tem um nome e o nosso até então não tinha. Depois de muito pensar e discutir, achamos um nome que traduz para nós o nosso carro e a casa. O nome escolhido foi “Bisão”, pois é um animal forte e robusto, achamos muito bonito, diferente, chama muito a atenção, dá segurança e põe respeito também. Isto feito, nós e o “Bisão” continuaremos pelas estradas do Alaska neste verão.

No Denali, você pode ir com o carro até a milha 14,7 no Savage River Area Trails, ali tem estacionamento, embora pequeno, e banheiros limpos. Deste ponto em diante o carro particular não tem acesso. O acesso é somente de ônibus do parque, então você tem que comprar os bilhetes para os passeios até os diversos pontos no Wilderness Access Center na milha 0,7 e também deixar o carro estacionado ali, onde tem bastante lugar, e seguir com o ônibus do parque. O grande problema é que nesta época do ano é muito difícil conseguir um bilhete para os passeios, então a saída é fazer as inúmeras trilhas. Fizemos algumas curtas, aproveitamos para subir o Savage Cabin Trail, de 30 minutos para quem está com o folego em dia. Dá para subir devagar e apreciar a paisagem. Infelizmente não tinha tickets para os lugares que valem a pena ir e no horário em que tem grandes possibilidades de se ver os animais selvagens. Outra observação: apesar de ser grande e lindo, com muitas montanhas e vales, foi o parque em que vimos quase nada de animais. Vimos 01 moose (alce) e vários esquilos e pássaros. Animais grandes, como ursos, elk e caribus, nenhum.

Voltamos ao Centro de Informação, vimos alguns filmes do Denali no Teatro e depois observamos o fechamento do centro, quando diminuiu o número de carros e RVs no estacionamento. Logo, chegou um RV alemão, depois mais um, e eu dentro do “Bisão” só observando, pois não tem placa dizendo que não pode fazer overnight parking, mas dizem que não é permitido. Depois fui conversar com o alemão e disse que ficou na noite anterior ali. Bem, isso já nos deixou tranquilo para fazer mais uma noite free e dentro do Denali National Park.

No Denali Park, ficamos até a tarde do dia seguinte. Antes de sair, fomos esvaziar os tanques de detritos e reabastecer de água potável o Bisão no Dump Station do parque. Em seguida, pegamos a Rod. 3 com destino a Anchorage. Com chuva no caminho, depois de um tempo encontramos um parking em cima da montanha com vista para um rio no vale e resolvemos parar e dormir no local.

No dia seguinte o tempo não melhorou, as chuvas continuaram e nós também continuamos pela Rod. 3, passando por lugares lindíssimos e em parte prejudicados pelo tempo, em função da nebulosidade. Vários lugares a beira de rios para ficar, mas tínhamos o risco de ficar atolado pela lama. Então, vale apenas avistar e contemplar o lugar. Tocamos até a simpática cidade de Wasilla, onde permanecemos estacionados no Walmart, acompanhando as previsões da meteorologia. Amanhã é dia 04/07 e é feriado nacional. Dia da Independência dos EUA. Segundo as previsões do The Weather Channel, amanhã não choverá. Se assim for, seguimos a estrada.

Neste dia, não muito cedo, seguimos para Anchorage. Esta cidade é muito bonita, muita paisagem e lugares históricos. Achei até um povo mais bonito, e não posso deixar de ressaltar que na rodovia muitos buzinavam e faziam o sinal de positivo para nós quando viam o emblema da nossa expedição do Brasil até ao Alaska. Quando parávamos numa Rest Area ou local com bela paisagem, vinham conversar com a gente e saber da nossa expedição. Muitos têm vontade de vir para o Brasil, mas têm medo da violência, o que é bem compreensível, pois os nossos índices de criminalidade são bem altos. Um dia quem sabe conseguiremos mudar esta nossa triste história e ter um país mais seguro e mais justo para toda a nação.

Em Anchorage para variar os dois Walmart que tem na cidade não permitem Overnight Parking, mas para a sorte dos viajantes tem uma grande loja de artigos esportivos, pesca, caça e camping, de nome CABELAS, que permite. Esta loja é uma loucura de infinidades de artigos, inclusive muitas armas e de grosso calibre. Para nós que não temos o costume de ver armas, a não ser quando apontam na rua, no caso de assalto, é de estranhar e muito! Armas de grosso calibre, é de impressionar. Tem um aquário com os peixes da região e infelizmente muito animal empalhado, contendo o nome do caçador. Aqui a caça é permitida!

Ficamos dois dias em Anchorage e partimos pela Rod. 1 até a cidade de Kenai e, para a nossa alegria, tem Walmart e que permite overnight parking. Nesse trajeto tinha muitos lugares muito lindos, rios com água verde, lagos, lugares incríveis. Paramos em alguns, tiramos fotos, fizemos o nosso almoço e seguimos, como falei, até Kenai.

No dia seguinte de manhã partimos em direção a Homer. A estrada é muito bonita, no meio do verde com o mar ao lado direito, bem abaixo. Muitas casas com jardim, com seu RV e carros velhos abandonados. Antes de chegar a Homer tem uma área com estacionamento e mirante para a península de Homer. A vista é espetacular. Depois descemos e fomos até o final da península. Tem uma marina muito interessante repleta de barcos. Fiquei por um tempo observando a entrada dos barcos na água e sua saída também. Muito organizado. Todo mundo entra numa fila de espera. O local tem vários campings e praticamente todos que estão acampados tem o seu barco também e vieram para pescar. Nesta época está liberada a pesca do Salmão Rei (Chinook), somente para quem tem a licença e material apropriado, é claro. Tem concurso para aquele que pegar o maior e mais pesado peixe. Já tarde voltamos para Kenai e dormimos no mesmo lugar no Walmart, não valia a pena ficar, pois começou a chover e a previsão é de mais 2 dias assim.

Acordamos no outro dia em torno das 09:00 horas, cumprimos com a nossa rotina matinal, fomos explorar a cidade de Kenai e depois rumamos na direção norte pela Kenai Spur Highway até a cidade de Nikiski, onde tem as refinarias de petróleo e também uma fábrica de fertilizantes e uma pequena cidade à beira do mar, sendo que o mar fica bem abaixo, tem que descer uma escada. Já no final da tarde, rumamos para a cidade de Soldotna e ficamos no Fred Meyer para fazer um Dump e também reabastecer de água potável, e para variar dormirmos no local. Amanhã dia 10/07/2017 rumaremos para a cidade de Seward.

A estrada para Seward é muito bonita, com curvas, rios, lagos e montanhas cobertas ainda por neve. Em toda a orla tem camping para RVs e barracas separados. Observei e achei interessante que tem vaga delimitada para cadeirantes. Ainda não tinha visto em nenhum camping, tanto no lado dos RVs como os das barracas. Outra coisa interessante também é que aqui não tem que deixar o valor no envelope e sim na entrada de cada camping, tem uma máquina tipo ATM onde você pode pagar via cartão ou em dinheiro e ela imprime um ticket já com o número do sitio que você previamente tinha escolhido e digitado na máquina. Muito bem bolado. Nós continuamos na balada de não pagar camping, somente quando for necessário. Até agora temos nos virado muito bem assim. Aqui quase todo mundo que vem para este local é para pescar. E como tem peixe!!! Estacionado, vi um sujeito pescar um Salmão Rei bem grande, tirou da água e bateu o peixe contra as pedras para matá-lo. Uma cena não muito legal de se ver. Nem ameacei fotografar, pois poderia se exaltar e não podia terminar bem. Os lugares são muito legais, com aquários bem diversificados e uma marina muito grande também. Hoje vi os pescadores trazerem quatro carrinhos de mão cheios de peixes bem grandes também. No próprio ancoradouro tem toda a infraestrutura para eles limparem os peixes e depositarem os resíduos em lugares apropriados. Outra coisa que chama a atenção é que a grande maioria tem pelo menos um cachorro. Quando andam no carro têm o seu lugar junto a uma janela e ficam observando os movimentos de quem está na rua. Raramente latem, a não ser quando encontram outro. Há lugares que não aceitam cachorros nas trilhas, mais em função da segurança, e na grande maioria é permitido, inclusive tendo locais apropriados com os saquinhos plásticos para guardar as fezes do bichano.

Depois de dois dias apreciando o mar e vendo as montanhas, resolvemos seguir a viagem e dormir em cima num passo nas montanhas, e depois seguir com destino a Anchorage novamente, pois não tem outro caminho, a não ser por mar. Ia me esquecendo: nós íamos fazer o passeio pelos Fiordes, mas o mar estava muito mexido, com fortes ventos e assim desistimos deste passeio.

Antes de chegar a Anchorage tem a entrada para a pequena cidade de Whittier. Resolvemos dar uma esticada até lá. O caminho é imperdível, com lindos visuais. Vai pela estrada até um certo ponto, onde tem uma guarita que te cobra uma passagem no valor de $13,00, ida e volta. O que é interessante é que existem vários semáforos por tipo de carro (automóvel, ônibus, MH, caminhões e pick-ups), onde eles ficam enfileirados esperando a sua vez de atravessar um túnel de mais ou menos 4 km, onde passa somente um veículo por vez. Ainda tem o trem que utiliza o mesmo espaço. Quando chegamos neste ponto foi muito fácil, pois o sinal estava verde para nós. O túnel dá um certo receio em função da distância e por ele ser estreito. Quando atravessamos o túnel a imagem é espetacular. Uma pequena baía, com suas águas verdes, contendo marina, porto, estação de trem, pequeno aeroporto e também um grande ancoradouro para os navios transatlânticos de passageiros. A cidade possui 250 habitantes e quando chegam os turistas fica uma festa, e por coincidência neste dia tinha um grande navio de passageiros. Tem hotel e restaurantes na beira desta baía, rodeada por montanhas, e no alto ainda com muito gelo e cachoeiras com o derretimento da neve. No lugar também tem camping. Ficamos horas no lugar e, por volta das 17:30 horas, resolvemos voltar e seguir em direção a Anchorage. Na saída tivemos que aguardar 30 minutos para a vinda dos veículos contrários. Após o termino dos veículos, avisaram no telão que vinha o trem de turistas e que, após isso, começaria a liberação dos veículos que estavam aguardando. Como falei cada fila tinha o seu sinal e quando entra na pista para atravessar o túnel tem outro sinal. Assim, libera o primeiro da fila, o veículo segue e quando o segundo veículo seguir também, o sinal fica vermelho por alguns segundos, até manter uma distância de segurança do veículo da frente. E foi assim até o termino das filas.

Ao chegarmos em Anchorage fomos fazer o Dumping, encher o “Bisão” de água potável e seguir para o Walmart fazer algumas compras. Depois fomos dormir no Cabela’s (loja de artigos de caça, pesca e camping), sendo o único que permite Overnight em Anchorage e por 48 horas somente. Aqui o Walmart não permite.

No dia seguinte, dia de limpeza no “Bisão”, reabastecer os geradores, lavar roupa e deixar tudo pronto para a nossa ida a Valdez. Mas isso conto no próximo post.


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