À noite, para nossa surpresa choveu bastante e a temperatura baixou em torno de 15°C. Esta região é muito seca, e não é comum chover nesta época do ano, pois estamos no Deserto de Sonora, mas a chuva foi bem-vinda.

Acordamos, fizemos a nossa rotina e nos preparamos para atravessar a fronteira. A estrada continua a Mex-15 e em partes está muito boa e em outras estão em obras, assim foi até chegar a Nogales na parte mexicana. Depois, fomos tocando até a fronteira e quando vimos já estávamos na fila para darmos entrada nos EUA. Entramos no box, pediram o nosso passaporte, fizeram a conferência inicial, depois nos levaram para estacionarmos um pouco à frente e pediram para aguardar a vinda do fiscal da vigilância sanitária. O Fiscal, muito educado, pediu licença para entrar em nossa casa, e perguntou sobre produtos, sementes, e se tínhamos animal de estimação. Verificou alguns temperos com a lupa para ver se não tinha algum tipo de inseto e assim depois nos liberou.

Posteriormente, veio um novo fiscal da imigração, que fez algumas perguntas enquanto estávamos no carro, e pediu para sairmos do carro e também para levarmos nossos documentos, dinheiro e acompanhá-lo. Aguardamos por 10 minutos numa sala de espera, onde depois veio outro funcionário e solicitou que acompanhássemos até o lugar onde nos deram a permissão para entrar nos EUA. Pagamos a taxa de USD 12,00 (doze dólares) e perguntei sobre a saída do México. Ninguém sabia explicar. Até que um outro funcionário disse que podíamos ir tirar o carro do local onde estava, e seguir para Nogales nos EUA, estacionar e voltar a pé até a imigração do México. Estranhamos não ter ficado numa sala, como já relatado por outros viajantes que entraram nos EUA, e feito entrevistas. Só fizeram uma vistoria no MH por dentro. Mas não tiraram nada do lugar. Foi mais tranquilo do que esperava. Bem, voltamos ao México a pé e demos a nossa saída na imigração do México. Como tínhamos o visto de 180 dias, eles achavam que poderíamos voltar neste tempo sem precisar dar a saída. Como não sabíamos quando voltaríamos ao México, fizemos os trâmites, ficando de fora o MH, pois tem permissão como falei até o ano de 2027. Foi tudo muito rápido e tranquilo. Depois fomos para o Walmart comprar algumas coisas e resolvemos dormir no estacionamento.

Já em território americano e muito feliz por termos conseguido realizar esta parte da nossa expedição, seguimos pela rodovia 19 até a cidade de Tucson. Chegando em Tucson, fomos direto à Camping World para fazer a transformação do nosso sistema de gás do Brasil para o sistema americano. Quem me deu esta dica foi o amigo Rogério do Rio de Janeiro. Compramos o botijão de gás americano que é de alumínio e muito mais leve, como também os acessórios para o ajuste. Só que a mudança só poderia ser feita no dia seguinte e pelo Sr. Jeff da Fisher RV. Assim, resolvemos ir até o centro comercial, onde tem várias lojas, inclusive um grande Walmart. Compramos algumas coisas e resolvemos passar a noite no estacionamento. Os supermercados são 24 horas, mas a noite é muito tranquilo e além do mais tem a palavra mágica: “free”.

No dia seguinte no horário marcado, 10 da manhã, estávamos lá. Aqui você não pode entrar dentro da oficina. Pediu a chave no MH e levou para dentro para fazer o trabalho. O preço da hora era de USD 80,00 (oitenta dólares), caríssimo, assim são os serviços por aqui. Praticamente deu esse tempo, mas não gostei do acabamento do serviço. Mas enfim, temos agora o gás propano e as dificuldades nesse sentido acabaram. Ainda tinha gás no nosso botijão, mas, como não temos espaço suficiente, deixamos na oficina. Olha que fazíamos todas as refeições e ainda assim durou bastante. Poupamos no banho porque a água já era quente em função do clima.

Depois de pronto, e alegres por ter uma preocupação a menos, seguimos pela interestadual 10 até a cidade de Phoenix e depois pegamos a Rod. 17 até a charmosa cidade Flagstaff (cidade dos esportes) onde também pernoitamos no Walmart. No dia seguinte, exploramos um pouco a cidade e seguimos pela Rod. 180 por 49 milhas e entramos na Rod. 64 passando pela cidade Tusayan até a entrada na parte sul do PN Grand Canyon. Na entrada do parque compramos o passe para todos os parques nacionais do EUA com validade de 01 ano. O preço estava USD 80,00 (oitenta dólares). Só a entrada do Grand Canyon já era de USD 30,00 (trinta dólares). Portanto, vale muito a pena fazer a compra de passe. Outra coisa: para quem compra a entrada do parque, ela vale por 07 dias. Passamos o dia no parque, vimos o filme e circulamos a pé para nos localizarmos. Tem o camping dentro do parque mas a diária é de USD 45,00 (quarenta e cinco dólares) o sítio. Resolvemos não pagar esse valor e voltamos para a cidade de Tusayan e no estacionamento da National Geographic. Por enquanto estão deixando pernoitar, pois não é verão. No verão falta lugar para estacionar. Tinha mais um MH americano que fui perguntar se podia passar a noite, e ele me disse que já estava 5 noites. Essas palavras foram muito legais e foi o nosso passaporte para dormimos ali. Não é que a gente não possa pagar, mas tenho um carro que me dá muita autonomia, e eu só preciso de estacionamento seguro. Há momentos em que ficamos em camping, mas aí aproveitamos para utilizar bem os serviços de água e luz, principalmente no calor. Mas aqui, no PN Grand Canyon, com o pagamento da entrada recebe-se também o serviço de Dump station (descarga dos detritos) e água potável. O sol é forte de dia e, com as placas que tenho, carrega as baterias, portanto tenho energia também.

A minha percepção até aqui dos EUA é que é tudo muito grande, bem planejado e bem feito. Peno menos até aqui no Estado de Arizona. Vamos conhecer os outros estados para depois darmos a nossa opinião. Os acessos para as estradas, viadutos um em cima do outro, grandes obras de engenharia, tudo para dar segurança as pessoas. As unidades de medidas mudam por aqui também, pois a velocidade/distância é em milhas; peso em libras; em vez de litros é galão; altura é em pés e não metros. A velocidade ajustei no GPS e assim tenho o controle para não passarmos do limite.

Aqui todo mundo tem camionete e das grandes, até com pneu duplo atrás e ainda por cima a gasolina com motor V6 ou V8. É até bonito de ouvir o ronco dos motores. Mas o que impressiona mesmo é a quantidade de motorhomes, trailers e campers que eles têm. Oficinas e fábricas na região de Tucson são incontáveis. Cada casa tem um ou outro veículo de recreação. Outra coisa fantástica são as lojas de produtos e acessórios para MH, é de cair o queixo.

No dia seguinte, acordamos no estacionamento e tinha mais dois MH. Eles alugam muito também. Depois de nossa rotina cumprida, rumamos para a entrada do PN Grand Canyon e apresentamos o nosso cartão de acesso anual, juntamente com o meu passaporte, pois o cartão está no meu nome. Entramos e rumamos para o estacionamento nr. 01 dedicado aos RVs como chamam aqui e depois iniciamos a nossa peregrinação por essa fantástica obra de DEUS.

Cada parada para admirar essa obra em diversos pontos é de se ficar maravilhado e abrir os olhos até o infinito para ver o quanto é lindo, espetacular, fabuloso esse lugar, tanto que nos faltam adjetivos para defini-lo. Se você não for fazer as longas trilhas embaixo do parque, pode ainda assim fazer a pé ou de bike por cima e quando cansar tem os ônibus que te levam de ponto a ponto assim divididos: a Linha Azul cobre toda a parte central do parque, onde tem os serviços, até a transferência para outras linhas, a Linha Vermelha vai para os pontos da Hermit Road, a Linha Laranja até a Yaki Point e a Linha Lilás até a cidade de Tusayan, onde tem os serviços de camping e também posto de gasolina e restaurantes de todos os tipos. Olha que beleza: esses ônibus são todos gratuitos. Na frente do ônibus tem rack para colocar as bikes, sendo que é você mesmo que coloca. A educação dos motoristas (homens e mulheres) é demais. Muito solícitos e muito bem preparados para lidar com turistas do mundo todo. Se ainda tiver um cadeirante, abaixam a rampa, todos esperam o motorista ou a motorista ajustar a cadeira no ônibus, e só assim, após a liberação, começam a se acomodar. Os ônibus são todos automáticos e movidos a gás.

Estamos bastante impressionados com o PN Grand Canyon. A quantidade de fotos tiradas é absurda, mas para escolher o que vamos postar vai ser muito difícil, pois o visual a cada momento da luz do sol fica diferente.

Dormimos a noite no estacionamento na cidade de Tusayan. A temperatura chegou a -2°C de madrugada. De dia tem o sol e fica muito quente, mas quando o sol se põe o bicho pega. Depois do nosso café da manhã, com vento e frio, pois o sol demorou a sair, seguimos novamente para o parque para explorar a parte da linha laranja. De tarde houve uma correria de ambulância e socorristas do parque. Fomos descobrir que alguém foi tirar uma selfie e caiu. De longe vimos socorristas em rapel para chegar ao local da queda. Não sei o estado de saúde do acidentado. Não se comenta por aqui. Também, tem cada um querendo tirar uma foto inusitada. Tinha uma alemã que tirou a camiseta e ficou de seios à mostra para tirar uma foto numa pedra a beira do precipício. Se vê de tudo! Mas o que realmente é importante é o lugar que vai ficar em nossas lembranças.

Depois de um dia muito corrido e com muitas vistas espetaculares, voltamos para o estacionamento de RV, rumamos para a cidade de Tusayan e dormimos no mesmo estacionamento. No dia seguinte, com muito frio, arrumamos nossas coisas e rumamos em direção ao Zion National Park. Mas isso conto no próximo post.


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