Tudo ajustado, com o mínimo de água potável, em torno de 40% do tanque, pois o dia será de muita subida e também de descida. Com a saída já foi uma novela, pois para sair de Panajachel tem que subir muito pela RN-1 e a pista é muito estreita. Quando pega um caminhão pesado fica difícil, e para complicar tem os ônibus locais e as vans que fazem o transporte de pessoal. Eles param em curva, subida íngreme no meio da pista. Todo mundo tem que parar e esperar para depois arrancar o carro. Não é muito fácil! Haja embreagem para tudo isso. Temos que ir controlando, pois são 17 km de subida até o tronco principal na cidade de La Cuchilla, entrar à esquerda na CA-1 que é a Pan-americana até a cidade San Cristóbal Totonicapán, depois entrar à esquerda na RN-01-B, e na sequência pegar novamente a GUA-1 até a cidade de La Esperanza, para por fim tornar a entrar na RN-1 até a fronteira em El Carmem. Todo esse trajeto foi muito difícil em função da topografia dessa região. Chegamos a altitude de 3.112 msnm (metros sobre o nível do mar). Subir até não é problema, mas descer poupando freio para não esquentar e também segurando na marcha é muito complicado, pois o giro sobe muito e temos que cuidar em função disso também. Não se pode segurar direto no freio, temos que dar pequenos toques para ir diminuindo o giro do motor. Essa ginástica toda é em função de que o Iveco não possui o freio motor. Somente no câmbio. Aqui a maioria dos caminhões ou são americanos ou chineses como o HINO. Essa marca domina desde a Colômbia e em toda América Central.

Chegamos no final da tarde na fronteira e ao estacionar vem em nossa direção um monte de tramitadores (ajudantes de trâmites aduaneiros) para ajudar a estacionar e ganhar uns trocos no auxílio nos trâmites de papéis. Agradeço e levo o carro até a Aduana e falo com o Policial Militar que já ajeita uma vaga. Dali seguimos mais 60 metros e fizemos a saída na imigração.

Seguimos mais 60 metros e fizemos a imigração do México e, por termos o visto americano, deram 180 dias para permanecer no México. Paga-se uma taxa de $500,00 (quinhentos pesos) por pessoa. A da Valquíria poderia pagar na saída, mas optei em pagar as duas, podendo inclusive pagar com o cartão na função débito/crédito. Depois dessa parte resolvida, fui para a Aduana fazer a importação temporária do MH. Paga-se a taxa de USD 59,00 (cinquenta e nove dólares) também podendo pagar no cartão na função débito/crédito. Preenche-se documentos e te dão 10 anos de permanência do MH no México. Quando sair em definitivo (não voltar mais ao México), tem que dar a baixa no documento. Isso quer dizer que posso sair do México e entrar quantas vezes forem necessárias nestes 10 anos, sem precisar fazer a Importação do MH. Deram um adesivo para colocar no para-brisa para quando tiver uma barreira já saberem que os documentos estão corretos. Após terminados os trâmites, foram fazer uma vistoria no MH, inspeção sanitária, e não tiraram nada do lugar e nem tiraram as frutas e verduras que tínhamos. Foi muito tranquilo. Terminada essa etapa também, pedi permissão para passar a noite no estacionamento.

Antes de começarmos a nossa história no México, queremos deixar registrado a cordialidade do povo da Guatemala. A educação, presteza em ajudar… Vimos uma coisa muito interessante: praticamente 60% da população é de origem indígena e mantém as suas tradições, costumes e o idioma também. Percebemos que entre eles na sua grande maioria não falam o espanhol, falam o idioma nativo. São muito semelhantes aos andinos da América do Sul em cultivar as suas raízes. Admirável.

A noite foi tranquila na fronteira do México que tem o nome de Talismán. Fizemos a nossa rotina de todas as manhãs, e preparamos para conhecer o México. Pegamos a rodovia Mex-200. No início estava boa, próximo da cidade de Tapachula tinha uns buracos, mas depois ficou muito boa, com pista dupla e não era pedagiada. Seguimos nela até a cidade de Arriaga, onde pega-se uma perimetral para desviar do trânsito da cidade e depois encontra-se novamente a Mex-200 até a cidade de San Pedro de Tapanatepec. Dali ela passa a chamar-se Mex-190, onde seguimos por um bom pedaço e resolvemos parar próximo das 18:30 horas, quando o sol estava se pondo. Paramos num Posto de serviço PEMEX. Uma informação: nesta região do México temos que adiantar o relógio em mais 01 hora.

Acordamos não muito cedo desta vez, tomamos o nosso café da manhã e reabasteci o gerador de gasolina, depois comprei mais gasolina para reserva, onde tenho dois galões de 5 litros cada e fomos reabastecer o MH de diesel e tocamos pela rodovia Mex-190 até a cidade de Salina Cruz. Dali em diante, pegamos novamente a Mex-200 até a Bahia de Huatulco. Depois, fomos à cidade de La Crucecita, onde tem uma boa estrutura de supermercados, restaurantes e hotéis. Lá fizemos umas compras e depois fomos para a praia de Tangolunda onde tem um RV Parking para passarmos a noite. Neste lugar tem uma praia pública muito linda.

O dia começa com a nossa rotina diária, depois fomos explorar a região, por toda Bahia de Huatulco. Fomos à marina, ao farol e à encantadora praia La Esperanza. Muito linda e pelo que vi até o momento é a única em que dá para tomar banho, nadar e tem passeios de barco. Por aqui as praias afundam rápido e também tem ondas muito fortes. Depois paramos em uma sombra na marina e fizemos o nosso almoço, descansando um pouco até 14:40 horas. Depois, começamos a seguir pela rodovia Mex-200, passando por diversos lugarejos, e em cada um tinha 3 topes (lombadas por aqui) no mínimo, mas isso não chega a incomodar, e seguimos até a cidade de Puerto Escondido. Ao chegarmos, estacionamos na praia de Zicatela, na rua Calle Del Morro, que é à beira da praia. Conversei com o Policial e disse que podíamos ficar nesta rua por 24 horas e que não tem problema de segurança. Aproveitei para dar uma caminhada e tirar umas fotos, pois lá tem um pôr do sol belíssimo. A Valquíria preferiu ficar no MH, no ar-condicionado para ajustar algumas coisas. Quando voltei, reabasteci o gerador para ligarmos o ar-condicionado para a noite. Depois do jantar, colocamos o filme “O Apostador” para assistirmos no DVD. Muito bom o filme. Após fomos descansar.

De manhã, sem muita pressa pegamos a rodovia Mex-200 até a cidade de Acapulco. O lugar é encantador, com muita vista da praia, lindos penhascos e uma cidade muito agitada. Tem de tudo. Nem tentamos ficar com o carro na cidade, pois afirmaram para nós que não é muito seguro à noite, e também não deixam estacionar na praia. Por isso, procuramos no Ioverlander e encontramos o Camping Trailer Parking, muito legal, na Praia Pie de La Cuesta, ao custo de P 250,00 (duzentos e cinquenta pesos), o que equivale pelo nosso cambio de dólar USD 13,00 por dia, com luz incluída que aqui é de 110V. Para nós não tem problema essa voltagem, pode ser 110 ou 220 V.

No dia seguinte, pegamos o ônibus e fomos para o centro e para a Praia de La Quebrada vermos o salto dos mergulhadores do penhasco. O Show do dia é as 13:00 horas e depois só à noite. Mesmo num sol escaldante valeu a pena ver os saltos. Eu filmei todos eles. Esses mergulhadores são muito corajosos e também muito experientes, pois tem que enfrentar um mar muito bravo para depois subir o penhasco e saltar. Como realmente nos filmes. Lindo!!! Após terminar o show fomos almoçar comida mexicana. Estava bom demais!!! Compramos um mapa do México numa livraria. Depois fomos pegar um ônibus circular e fizemos um passeio pela orla. Os motoristas são muito doidos, e os ônibus muito enfeitados, e eles colocam o som no último volume e andam pela cidade a toda velocidade. A impressão que se tem é que o passageiro é o que menos tem vez. Ou melhor, o povo já está acostumado ao modo de direção desses motoristas. Eu creio que o som alto é para não ter reclamação. Mas percebemos que eles (motoristas) são muito educados e prestativos. Para mim, que a minha vida toda quase não andei de ônibus, foi uma grande e divertida experiência.

Hoje é dia de estrada!!! Tomamos o nosso café da manhã e arrumamos as coisas para pegar a estrada. O único defeito do nosso camping era a água saloba (salobra, um pouco salgada). Tínhamos pouco no tanque. O camping fica próximo à saída para a rodovia Mex-200 que vai costeando o litoral. A nossa direção era depois da cidade de Zihuatanejo, para entrarmos na rodovia Mex-37D com pedágio. A Mex-200 está em obras e provavelmente em alguns anos estará em sua plenitude com acostamento, pois grande parte dela não tem acostamento, o que faz dela muito perigosa, pois não tem como desviar de um carro imprudente. Mas a quantidade de lombadas é impressionante. A Mex-37D neste trecho, apesar de ser com pedágio, é de pista simples, mas pode ser usado o acostamento como pista auxiliar, pois aqui é normal o veículo da frente dar passagem. Hoje num pedágio por distração nossa e do funcionário nos cobraram um valor de rodado duplo. No pedágio seguinte, após pagarmos e estacionarmos para passar a noite, fui falar no atendimento ao usuário, que prontamente me devolveu o valor. Entraram em contato com o funcionário que cobrou enganado, o qual desculpou-se da falha, e também com o responsável. Nesse tramo (trecho) da viagem, passamos por regiões muito secas, e temos a impressão de estarmos na caatinga do nordeste brasileiro.

Nesta noite teve cinema, com o filme “Antes que o dia Termine”, um romance muito bacana. Depois, dormimos uma noite muito agradável no estacionamento do pedágio. Pela manhã as rotinas de sempre, reabastecer o gerador e limpar a casa e continuar na estrada. Continuamos na rodovia Mex-37D (pedágio) até a cidade de Uruapan. Depois pegamos a rodovia Mex-37 (livre de pedágio) até a cidade de Carapán. Na sequência, um pedaço da Mex-15, e em seguida novamente a Mex-37 até a pequena cidade de Ecuandureo. Neste trajeto passamos por diversas vilas, onde as pessoas andam com roupas de tradição indígena, próprias das montanhas. Algumas destas vilas estavam em festa no dia de hoje. O trânsito estava um pouco complicado, e além disso voltamos aos topes (lombadas). Nesta cidade entramos na rodovia Mex-15D pedagiada e bem cara, mas a estrada é mais segura, com pista dupla e bem sinalizada. Nela cruzamos a famosa Guadalajara, uma grande e moderna metrópole, indo até próximo à cidade de Tepic, onde resolvemos passar a noite numa estação de serviço da Pemex (empresa de petróleo Mexicana).

No dia seguinte, após as tarefas diárias, seguimos pela mesma rodovia Mex-15D (pedágio) até Guasave, e foi o dia em que mais andamos, 770 km. Quando estávamos vindo presenciamos um grave acidente de caminhão. Ele recém passou por nós em alta velocidade e numa reta saiu da nossa pista, cruzou o canteiro principal e tombou na pista contrária. Foi impressionante, parecia um filme. E era um bicaminhão, desses que tem uma cabine grande, com muito conforto para os motoristas. Depois desse susto, dormimos num Posto de Combustível da Pemex. Continuando na mesma rodovia até a cidade de Guaymas, onde dormimos à noite no estacionamento do Walmart. No dia seguinte, fomos para o Hotel e Camping Playa de Cortes. Lugar muito bacana, um camping no estilo americano, cada box com todos os serviços.

Bem, como vocês estão percebendo na minha escrita estamos seguindo com o nosso plano inicial. Portanto, como iniciou o mês de maio, resolvemos tocar um pouco mais direto, pois a nossa missão, como já explicitado no início da nossa expedição, é chegar até o Alaska, ainda neste verão no hemisfério norte. Assim, aproveitaremos mais o clima quente do verão numa região muito fria, que, como sabem, é bem mais difícil chegar com o seu MH do Brasil, em função da distância, transbordos, clima etc. Como também explicitado acima, o nosso MH tem prazo até o ano de 2027 para rodar no México, podendo sair e entrar quantas vezes forem necessárias, sem ter que fazer a importação temporária. Isto torna as questões de aduanas e imigração mais simples e rápida. Então só nós é que temos que fazer os trâmites imigratórios. Assim, teremos muito tempo para conhecer o México e a América Central. Mas confesso que já temos uma boa ideia do que é viver nestes países. Portanto, o foco continuará sendo neste momento os Estados Unidos, compreendendo que o Alaska está incluso, pois faz parte, e também o Canadá. Mas isso vou contando nos próximos posts, incluindo a saída do México e entrada nos Estados Unidos.


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