Temos que desmontar as divisórias da cabine para casa, fazer limpezas, reabastecer a cozinha, encher o reservatório de água mineral, água para casa, enfim, mais um dia estacionado.
Tivemos que aguardar os nossos amigos Luís e Milu de Sorocaba (SP) que vinham de Miami e enviaram seu MH para Cartagena, aos quais pedi a gentileza de comprar um adaptador para botijão de gás dos EUA, pois o meu estava com um pequeno vazamento. Chegaram bem, pois de Miami tem voo direto para Cartagena. A primeira vez que nos encontramos foi na Banff, depois em Fairbanks e a última no Alaska Highway, eles vindo da Milha 60. Foi bom conversar com eles em Cartagena.
Bem, no dia seguinte, pegamos a estrada pela Ruta 90 até o entroncamento com a Ruta 25 e dali continuamos por esta rodovia. Este trecho está muito bom. Paramos para reabastecer num Posto da Terpel, comprei gasolina também para o gerador e aproveitamos para fazer o nosso almoço depois de um longo tempo longe da nossa casa. Impressionante como nos adaptamos aos diferentes modos de viver. A gente sente a falta de mobilidade com o conforto de ter sua casa junto com você. Neste momento, com muito calor, gerador bombando energia para o nosso ar condicionado, e ainda veio uma chuva que também ajudou a amenizar o efeito da alta temperatura.
Tudo ajustado, voltamos para a mesma rodovia, quando por volta das 15 horas da tarde o trânsito foi interrompido para retirar um contêiner que caiu de um caminhão no dia anterior. Esta situação para mim foi inusitada. Vou contar: O caminhão vinha pela rodovia numa curva desacoplou a carreta, e o caminhão foi para um lado e a carreta com contêiner para outro. A sorte que não vinha ninguém, não estragou o contêiner e nem o caminhão. Enfim, ninguém ferido. Até aí tudo bem. Chamaram um grande guincho que, como o contêiner estava carregado, o contêiner trabalhava nas últimas, teve muita dificuldade para pôr em cima do caminhão. Fui verificar o trabalho deles, como ele estava içando nos quatro lados do contêiner com cabo em cada extremidade, todos os lados ligados ao gancho do guincho. Como o contêiner era longo vi, e disse: “vou sair daqui pois isso não vai dar certo”. Dito e feito, depois de muita tentativa o contêiner dobrou no meio. Pensei! Nossa!!! Não houve nenhuma avaria no acidente e eles conseguiram destruir a carga. E o representante da Marfre Seguros dando a orientação. Assim ficamos mais de 3 horas e o nosso plano de viagem para esse dia foi pelos ares. Tocamos mais um pedaço e já estava escuro e resolvemos parar em um Posto de Combustível em Planeta Rica para pernoitarmos com segurança. Paga-se uma pequena taxa, mas pelo menos tem segurança. Por aqui não dá para ficar em qualquer lugar.
No dia seguinte, acordamos cedo, cumprimos com a rotina de sempre e seguimos pela mesma Rod. 25 (Panamericana na Colômbia). Esta estrada neste trecho tem muito sobe e desce, pistas estreitas e muitas curvas. Subimos perto de 3.000 msnm em Llanos para Santa Rosa dos Ossos, depois baixamos para os 1500 msnm para Medellín. Depois de Medellín subimos para 2800 msnm em Alto de Minas e dali começamos a descer por quase 70 kms com muito cuidado, rodovia cheia de caminhões, aqui chamados de “mula”. Chegando a noite fomos na cidade de La Pintada, que tem um camping no centro da cidade. Lá tem uma piscina que usam para passar o dia. O lugar para MH era no estacionamento e como era sábado tinha também um baile. Bem, cansados, pensamos que deve ter outro lugar para ficar. Perguntamos na frente onde tinha um parqueadero público para estacionar e passar a noite. Podíamos estacionar, mas não ficarmos dentro da casa. Então, perguntei sobre o lugar que tinha no Ioverlander, conhecido por ginásio. Disse-me que os viajantes ficam ali e a cidade é muito tranquila. Fomos e estacionamos bem no final e ligamos o nosso gerador para refrescar e passarmos a noite. Tudo muito tranquilo e de manhã, tinha um Argentino também estacionado.
Assim, voltamos e saímos da Panamerica na entrada para Súpia, pois a estrada tinha sido bloqueada pelos indígenas. Seguimos pela Rod. 50 por Chinchiná, Santa Rosa de Cabal, Dosquebradas, Cerrito e voltamos novamente para a Rod.25 (Panamericana) em Cartago. Continuamos até Cali para pernoitarmos. Daqui em diante, Villa Rica, a rodovia está fechada pelos indígenas e não se pode passar. Todos os acessos para o Sul estão fechados há 09 dias. As cidades de Popayán e Pasto estão sem abastecimento de combustível em função disso. Os indígenas estão muito revoltados com o governo e a violência está muito grande, colocando fogo em caminhões, etc. Nós estamos numa estação de serviço da Terpel aguardando a liberação da rodovia. Enfim, estamos nos sentindo presos. Essa sensação é horrível, pois estamos num país em que não é o nosso e não podemos continuar a nossa viagem. Temos que controlar a nossa ansiedade, ter calma e serenidade para aguardar essa liberação. Interessante, como as coisas se repetem na vida. Situação semelhante vivemos na Bolívia no ano de 2004 quando demos um 360° na América do Sul. Lá ficamos 11 dias sitiados em La Paz e corremos sério risco de morte. Bem nesta estação de serviço estou conversando com todos que passam e também com a Polícia.
Depois de 2 dias parados esperando que liberassem a rodovia, recebemos enfim uma notícia boa, na noite de segunda feira. Bem, aguardaremos até o próximo dia para que, além de liberar a rodovia, façam a limpeza nela para que possamos trafegar com segurança.
Após o nosso café da manhã, reabastecemos o “Bisão” de combustível e também o reservatório do gerador e seguimos pela Rod. Panamericana. Foram quase 400 kms de muita tensão até a cidade de Pasto. No caminho, muitas pedras, árvores cortadas, e muito vidro de para-brisas quebrado, quando chegamos à cidade de Pasto Galeras.
De manhã cedo, reabastecemos o “Bisão” de combustível e de água potável e seguimos a nossa viagem até a fronteira do Equador. Fizemos os trâmites e tocamos pela Rodovia E 35 (Panamericana) até a cidade Cayambe, onde dormimos também na Estação de Serviço do Petroequador no centro da cidade, num estacionamento fechado.
Foi uma noite muito agradável a 2.750 msnm, temperatura em torno de 9°C, muito gostoso para dormir. Levantamos cedo, e logo que a rotina foi cumprida reabastecemos o “Bisão” de diesel e nos pomos na estrada. Vale ressaltar que o combustível mais barato foi no Equador, sendo o galão (3,785 Litros) por USD 1,03. Pela minha conversão do dólar, preço de compra no Brasil, ficou em torno de 0,90 (noventa centavos de real) o litro. Muito bom o preço.
Daqui de Cayambe, resolvemos mudar o rumo e estamos indo em direção a Guayaquil. Saímos da Rod. E35 (panamericana) e pegamos a Rod. E20 em Aloag e seguimos nela até a cidade de Santo Domingos de los Colorados. Dali entramos na Rod. E25 passando pelas cidades de Quevedo, Ventanas, Pueblo Viejo e San Clemente e dormimos na cidade de San Juan numa estação de serviço da Mobil. Da cidade de Aloag até Santo Domingos subimos até 3.250 msnm e depois descemos por mais de 97 km, uma serra gigantesca, com muitas curvas e estreita, mas com vista formidável, pena que não tinha acostamento para parar e tirar fotos, pois tinha muito movimento e não queria ficar com caminhão muito perto da nossa traseira. Amanhã seguiremos em direção a Guayaquil pela mesma Rod. E25.
A Rod. 25 até Guayaquil continua da mesma forma, sendo que a pista é muito boa, mas não tem acostamento, ou o acostamento é muito estreito e os carros e ônibus param de repente no meio da pista. Tem que ter muito cuidado também.
Em Guayaquil ficamos no Camping/estacionamento Hostal Macau, bem próximo do shopping, e de taxi para a cidade não é muito caro. O local é sombreado, com luz, água e wifi. O pessoal é bem bacana também. Esta cidade, apesar de estar três vezes no Equador, ainda não conhecíamos. Muito interessante a parte moderna no Malecom 2000, arborizada e com vista interessante para o Rio Guaya.
No dia de hoje, sábado, está sendo realizada a Exposição Internacional de Orquídeas no centro de eventos e aproveitamos para visitar. A Valk adorou, e realmente estava muito bonito, com várias espécies premiadas. Vamos aproveitar para passear pela cidade e depois seguir em direção ao Peru. Mas isso conto no próximo post.