Ficamos em primeiro ma lista de reserva. Na hora marcada, fomos tirar o bilhete definitivo e conversamos com muita gente que estava curiosa sobre nossa expedição. Encontramos o francês de Quebec que estudou um pouco de português e queria praticar, aí começou a perguntar sobre toda a expedição e assim, misturando um pouco de português, espanhol e inglês, a nossa conversa seguiu por um bom tempo até a chegada do ferry. O atendente da companhia falou para mim que o ferry consome 600 galões (3,785 litros) por hora e vai numa velocidade de 50 milhas por hora. Fiquei abismado com tamanha velocidade. O ferry era muito aconchegante e o pessoal do embarque muito atencioso com todos. Os carros entravam e faziam a volta dentro do ferry para ficar na posição de frente para a saída. Os MH grandes tipo ônibus tinham que entrar descendo a rampa de ré. Nós fomos o penúltimo a entrar e eles não acreditaram na facilidade de manobrar o nosso “Bisão”. Depois os dois funcionários da equipe que estava auxiliando o embarque vieram nos parabenizar pela manobra. A viagem é muito bonita, com vista para os fiordes. Muita cachoeira nas montanhas e ainda muita neve. No trajeto pegamos chuva e por isso não foi possível o acesso ao deck.
Após o desembarque em Skagway fomos fazer o nosso almoço e depois fomos perambular pela cidade. Nunca tinha visto tanta joalheria em uma cidade tão pequena. Muitas eram coordenadas por indianos. E por falar nisso, eles viajam em grande número por estas regiões com a família toda.
Quando já era por volta das 20:00 horas resolvemos não dormir num camping na cidade e assim seguimos viagem, rumo ao Canadá. A estrada é belíssima, com vista para montanhas e corredeiras de rios. Após atravessarmos o passo e passarmos a fronteira para o Canadá, resolvemos dormir numa área com vista para o Lago Fraser e para o trilho do trem, como também para as montanhas cobertas de neve.
Como a fronteira fecha à meia-noite a estrada fica silenciosa até as 08:00 horas do outro dia, e assim passamos uma noite maravilhosa. De manhã o nosso café foi com esta bela vista. Depois a Valk ligou a máquina para lavar algumas roupas e assim que terminou seguimos viagem. Mais tarde, num outro local à beira de um lago, resolvemos fazer o nosso almoço. Após o almoço, pegamos a estrada, mas sem muita pressa, apreciando a paisagem, e logo avistamos pela rodovia um lugar espetacular, com um lago de cor esverdeada, onde tem uma placa que dizia que pode ser utilizado para descer o barco no lago, assim resolvemos entrar na estrada de cascalho que nos leva à beira do Tutshi Lake. Tinha algumas mesas e sinais de fogueiras feitas pelo pessoal que acampa no local para pescar. Ficamos um bom tempo apreciando o local e como é muito lindo resolvemos ficar no local e passar a noite. Mais tarde, chegou um casal com uma camionete com pneu duplo na traseira e em cima uma Camper da Califórnia com dois cachorros, e perguntaram se nós íamos ficar ali. Disse que sim e eles resolveram ficar também, pois acharam o local maravilhoso. Ficamos duas noites num lugar lindo e silencioso. Aproveitei para dar manutenção no gerador, troca de óleo e também limpeza no filtro de ar. E a Valk deu uma geral na casa. E de tempo em tempo uma parada para observar o lago e a natureza em volta.
Bem, é preciso partir e tocar a viagem senão chega o inverno e ficamos presos por aqui. Saímos na manhã seguinte, e para nossa surpresa chegaram mais dois Rvs grandes com barco no reboque para pescar no lago. A idade deles: tudo aposentado curtindo a vida. Disseram que passarão uma semana.
Nós rumamos beirando o lago até a pequena cidade de Carcross. Pequena, bonita, colorida e é a cidade dos totens. Aqui também passa o trem que vai de Fairbanks a Skagway. A cidade é à beira do lago também e aqui tem um pequeno deserto e o famoso Lago Esmeralda, cuja foto tem em muitas das revistas de viagens. Aqui no Centro de Informação ao Turista aproveitei para enviar o 19º Diário.
A nossa vida está bastante interessante, em função das novidades praticamente diárias, com lugares e pessoas diferentes e a cada dia apreendendo um pouco a mais do idioma. Mas estamos nos comunicando e afinal chegamos até aqui, completando 6 meses vivendo dentro do nosso Motor Home, carinhosamente apelidado de “Bisão”.
Nesta região, está começando a escurecer por volta das 23:30 horas. Mas não chega a ficar escuro, fica com cara de um entardecer, sem o sol.
Já que era o período da tarde, por volta das 17:00 horas, fomos reabastecer o “Bisão” de água e diesel e rumamos ainda pela Rod. 2, a Klondike Highway, por 700 metros, e depois à direita pegamos a Rod. 8, a Tagish RD. Não rodamos muito e logo vimos um lago muito especial, com sua coloração azul, rodeado de montanhas, e encontramos um lugar do lado do lago, e assim resolvemos ficar para apreciar esta beleza e dormirmos no local. Depois de jantarmos chegou um senhor com sua camper e inflável engatado, e ofereceu um peixe que tinha acabado de pescar no outro lago próximo. Não pensamos duas vezes e pegamos. Ele botou o inflável no lago e ficaria para passar a noite também. Tinha mais um pessoal das Filipinas que estavam pescando e limpando seus peixes que pegaram no lago. Peguei a nossa faca e fui até a beira do lago para limpar o nosso peixe. Por fim, começamos a conversar e a filipina veio e terminou de limpar o peixe para mim, pois tinha uma faca melhor e especial para isso. Os filipinos foram embora e a Valk temperou o peixe, depois guardamos uma parte no freezer e ficamos admirando o pôr do sol.
De manhã, tomamos o nosso café da manhã neste lugar maravilhoso e pegamos a estrada em direção a Atlin. Depois que passamos a pequena cidade de Tagish e antes de Jakes Corner, entramos à direita na Rod.7 chamada de Atlin Road que leva à cidade do mesmo nome. Chegando à cidade, passeamos por ela, seguimos a rua em frente da marina e achamos um lugar na beira do lago com mesa para fritarmos o nosso peixe e depois almoçarmos. Atlin é uma cidade bem pequena mas charmosa pelo lago e pelas montanhas, ainda coberta de neve. Muitos aviões pequenos e anfíbios (hidroaviões) decolam de seu lago o tempo todo. Como já falei antes é um meio muito utilizado nestas regiões remotas. Só para ter uma ideia, no inverno a temperatura chega a -42°C. Hoje está confortável nos seus 20°C e com sol belíssimo. Está do jeito que gostamos. Esqueci de falar, o peixe estava uma delícia.
Após passarmos o dia, aguardamos o pôr do sol e pegamos novamente a estrada voltando para a beira do lago em que dormimos a noite anterior. Isso pois adoramos o lugar e não resistimos à tranquilidade e às belezas do lugar.
Voltamos pela mesma Rod. 7 Atlin Highway até o lugarejo de Jakes Corner, e ali novamente voltamos para a Rod. 1 Alaska Highway até a cidade das placas Watson Lake para fazermos mercado e reabastecermos o “Bisão” de água e combustível. Depois de tudo feito, retornamos pela Rod.1 Alaska Highway por 22 km e entramos na Rod. 37 Cassiar Highway, seguimos para a cidade de Stewart, e depois novamente Hyder no Alaska. No caminho tinha uma pequena cidade onde trabalham com pedras de jade e ali muitos paravam. Vimos um caminhão Volvo com um veículo Smart em cima e puxando um enorme trailer. Este não está nem um pouco preocupado com o tamanho e consumo de combustível. Impressionante!!! Tem muitos como esse rodando por aqui. Visitamos um camping dentro de um parque, à beira de um lago, infelizmente cheio, pois tinham reservas e nós não, também não fizemos para nenhum lugar, pois não queremos ficar preso a datas.
Na rodovia encontramos um caminhão tombado mas já sinalizado ,e também uma raposa para a qual paramos para tirar fotos. Alguns kms mais adiante paramos para dormir numa Rest Area de nome Beaverdam no estado de British Columbia no Canadá.
O dia de hoje não foi muito diferente do dia de ontem. Continuamos na mesma rodovia, paramos num lindo lago de coloração azul esverdeada, se assim pode-se definir, passamos grande parte do dia e depois tocamos até dormir novamente numa Rest Area. E hoje não vimos nenhum animal silvestre. Logo que paramos na Rest Area parou uma camper com um casal e um cachorro, e mais tarde um outro casal com dois filhos chegaram e armaram sua barraca de chão.
Acordamos bem, e depois das rotinas completas pegamos a estrada. No caminho vimos um urso e mais tarde uma mãe ursa com dois filhotes. Para nós foi um dia premiadíssimo. Logo entramos na Rod. 37ª que liga Stewart (Canadá) até Hyder, nosso último lugar no Alaska (EUA). A viagem é lindíssima, a estrada no meio de montanhas cobertas de neve, com muitas cachoeiras e o rio que serpenteia toda a rodovia. Paramos num determinado trecho da rodovia e apreciamos um lindo glaciar. Depois de pararmos no Visitor Center de Stewart, onde tem uma área muito linda para passar o dia, fizemos o nosso almoço. Lá pelas 16:30 seguimos para Hyder e fomos no parque nacional, onde você paga uma entrada e em cima do deck do lado de um rio, fica admirando os salmões brigando e subindo a correnteza e muitos morrendo todo machucados. Lembro-me de ter visto um documentário em que se tratava da desova e depois da missão cumprida morriam todo transfigurados. Creio que era isso se não estiver errado. E nessa luta pela sobrevivência da espécie os ursos vêm ao local para pescar os salmões. Muito lindo de ver e admirar os ursos pescarem.
Tiramos muitas fotos e mais tarde seguimos por uma estrada empoeirada, que costeava as montanhas num total de 27 milhas, de um lado as montanhas, do outro o precipício, rio e montanhas cobertas de neve. Uma vista que vale todo o sacrifício em andar bem devagar para não sobrecarregar o carro. Confesso que o motor ia sobrando, mas como é uma casa sobre rodas, tínhamos que poupar a casa para não tirar as coisas de lugar nos buracos. Assim, devagar e sempre, apreciando a natureza e vendo coisas que jamais pensamos em ver, e, ainda mais, uma superando a outra.
Retornamos das montanhas, entramos novamente no parque e avistamos ainda um urso grizzy pesadão passando trabalho para pescar um salmão. Depois, já quase escurecendo, o urso atravessou a rua e botou todos em estado de preocupação, com os guardas florestais acompanhando as pessoas até seus carros, e ficou assim até o urso entrar novamente na mata. Como não queríamos pagar camping, já um costume nosso, como já relatei antes (faz muito tempo em que não pagamos camping) solicitei informação para a guarda simpática no parking se tinha algum lugar onde os Rvs ficam free. Ela informou que tinha uma área a 1 km do parque no sentido das montanhas. Logo que entramos no “Bisão” observamos um RV de um fotógrafo indo na mesma direção nossa. Deixamos ele ir na frente e o seguimos até o dito local. Já tinha dois Rvs instalados. O lugar era uma área de extração de britas, e bem grande. Logo veio mais dois Rvs. Enfim, estávamos com bastante companhia. Como já era tarde resolvemos fazer apenas um lanche, também por ser área de muitos ursos, onde por prudência não se deve fazer nada que exale muito cheiro de comida.
Ao acordarmos de manhã um canadense de Toronto veio a meu encontro me falar que um urso black grande rodeou nosso carro e depois entrou na mata. Ainda bem que não vimos!!! Depois dessa quase surpresa fomos passar o dia na cidade de Stewart (Canadá).
Essa foi a nossa despedida do Alaska. O Alaska é muito lindo e superou todas as nossas expectativas. Fomos muito felizes nestes 40 dias viajando por estes cantões, descortinando cada quadro de um livro de fotos de sonhos. Essas imagens ficarão para sempre em nossas memórias e também no nosso HD externo (rsrs).
Amanhã voltaremos pela Rod. 37 em direção a Prince Rupert. Mas isso vou contar no próximo post.